A gente já nasce com asas, mas quando somos pequenos não fazemos ideia de como é voar. Todos fazem questão de nos ensinar que deixar o ninho é o percurso natural da vida e que só os mais fortes sobreviverão neste mundo que é repleto de predadores.
Aos poucos
Aos poucos e quando colocamos a cabeça para fora do nosso conforto, notamos que as nossas asas estão mais crescidas e já ensaiamos, ainda que desengonçados e sem muito jeito, um bater de asas bastante atrapalhado.
Voamos
Depois, mudamos para uma outra casa numa outra árvore que não é a nossa. Quando nos damos conta, estamos vivendo em outra cidade, outro estado ou outro país. Sim, batemos nossas asas. Voamos. Voamos, mas sabemos o caminho de casa e, vez ou outra, a gente volta para debaixo das asas de quem nos ama ou só dá uma passadinha, voando mesmo, para lembrarmos que ali estão os que nos ensinaram a voar.
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Motivos de sobra
Somos aves migratórias. Saímos do “de sempre” da vida e motivos não faltaram. Uns queriam escapar do frio, outros queriam fugir do calor, outros tantos só queriam um lugar mais seguro e uma outra parte buscava por uma planície onde pudessem procriar e ver os filhos brincando tranquilos.
Teimosia e coragem
A longa viagem nos fez pensar muitas vezes em desistir. Mas, do alto da nossa teimosia, não demos o braço à torcer e não esmorecemos diante do cansaço extremo, pois temos certeza que a recompensa virá. E veio, está vindo ou logo chegará. Pode acreditar.
Até que o dia chega
Acontece que um dia, lá de cima, a gente avista um novo ninho naquela tal planície que tanto sonhávamos. Focados e cheios de determinação pousamos. Depois do pouso descansamos um pouco e seguimos na nossa luta.
É tanta coisa que a gente precisa aprender que muitos de nós não vai aguentar o tranco e, feliz ou infelizmente, terá que fazer o caminho de volta. Não é fácil. Não é para todo mundo. Não é para qualquer um.
Morar fora: preguiça, medo ou esperança?
Os que ficam
Os que ficam encontram os mais variados desafios, vão colecionando “nãos”, precisam muitas vezes ativar o “modo sobrevivência” para terminar um dia e ter força para recomeçar amanhã. Mas, de não em não, de susto em susto, de medo em medo vamos vencendo e seguindo em frente.
O ninho que era novo já não é mais tão novo assim e pela planície nossas crias já correm crescidas. Vez ou outra, depois de dias de chuvas torrenciais e quando o sol reaparece num esplendoroso céu azul de outono, brincamos nas poças d’água sem nos darmos conta de que, no fim disso tudo nós, os pássaros, somos no mais dos mais imigrantes e estamos nesse mundo de passagem.
Morar fora: pare de reclamar e tente se adaptar.