Só erra quem tenta e você pode escolher sair do lugar ou ficar aí parado.
Claro que quando pensamos em morar fora somos assombrados por perguntas e questionamentos que nos causam pânico. É normal, é natural termos medo e pavor do que desconhecemos e enfrentar o novo é coisa para poucos. Ainda vivemos em uma sociedade onde somos ensinados a buscar (e encontrar – de preferência antes dos 30 anos) estabilidade e é só olhar para as pessoas próximas para percebermos como elas estão sempre querendo fazer um concurso público que pague bem e oportunize “zerar a vida”.
Ok, não vou entrar no mérito se fazer um concurso público é bom ou ruim e muito menos condenar quem sonha com isso, mas se você tem vontade de morar fora e descobrir um mundo que você ainda não conhece, talvez não seja fácil encontrar essa tal estabilidade. Lembro como agora quando disse que iria sair do Brasil e algumas pessoas próximas lançavam aquele olhar capaz de desencorajar até o Superman. Em seguida vinha a pergunta: “e vai viver do quê lá?!” – e eu, na minha humilde tentativa de demonstração de força, tentava devolver com um olhar do tipo “você jamais vai acabar com a minha coragem” e respondia: “sei lá, chegando lá eu vejo, e grama cresce no mundo inteiro. Qualquer coisa, viro jardineiro e boa”.
E se tudo der errado?
Como dito no subtítulo do texto: “só erra quem tenta…” – partindo desse pressuposto prefiro passar a vida errando, mas tentando, indo para frente, buscando o novo e sendo surpreendido por situações e coisas que jamais pensei passar. Uma frase que carrego comigo é: “para trás nem para pegar impulso” – prefiro olhar pra frente, me encontrar e ser encontrado.
No dia seguinte da saída do Brasil e já no seu país de destino, você acorda perdido. É o fuso horário, o cansaço da viagem, O NOVO, o cheiro, o som, o idioma… enfim, tudo é diferente. Lembro que quando acordei, depois de descansar da viagem, passei meio que por uma regressão. Parecia um recém-nascido antes de tomar o tapa no bumbum para chorar (porque isso vai acontecer quando começarem os “nãos” na sua nova vida).
Com os olhos bem atentos lia tudo, observava as pessoas, queria falar, precisava descobrir aquela cidade estranha que em nada lembrava a minha antiga. Os carros eram diferentes, as placas, o sotaque. Tudo novo e na cabeça a pergunta: o que eu estou fazendo aqui?
Leia outro texto: 10 coisas que mudam na sua vida quando se mora fora do Brasil.
Sim, já nas primeiras horas no novo país as dúvidas começam a surgir e você se pega perguntando e se questionando: “e se tudo der errado?” – mas, acredite, não vai dar tudo errado. Para além de tentar ser otimista, é necessário buscar nas suas memórias as motivações que lhe levaram até o seu destino. Ninguém decide morar fora se não tiver um Q de coragem e um Quezão de loucura correndo nas veias. Morar fora é para os corajosos, para os que não têm medo de enfrentar o novo, para os que são viciados em cultura, em viagens, em sair da zona de conforto e abraçar o desconhecido.
Alguma coisa VAI DAR MUITO ERRADO
Claro que vai, sempre tem alguma coisa para dar errado. É normal, a vida é assim. Sabe qual é o segredo do sucesso? É o segredo. Se existisse uma fórmula todos nós éramos ricos, bem-sucedidos e felizes e sabemos que isso não é verdade. O emprego que você estava tentando não vai dar certo, vão lhe pedir um documento que você nunca ouviu falar na vida, vai cair uma chuva daquelas na pior hora do dia, vai esfriar do nada, vai nevar, você vai pisar no cocô do cachorro na chegada ao trabalho, a grana vai ficar curta, mas acredite: sempre terá um macarrão com salsicha para lhe salvar. Perrengues fazem parte da vida de quem pretende morar fora (ou já mora), aliás fazem parte da vida de todos os seres humanos que habitam a terra. Passar aperto lhe faz crescer, valorizar tudo o que você tem e serve de impulso.
*Segredo de quem já mora em outro país: quando você estiver enfrentando O PERRENGUE, aquele que você julga ser o maior da sua vida, você vai perceber que é muuuuuito mais forte do que você jamais imaginou. Você tira forças do além, você se mexe, você vai encontrar um trampo, vai arrumar um quarto para dormir, vai encontrar uma saída. Aliás, se permite perguntar: como você se vira aí no Brasil?! Ou aí você não passa aperto?! Não se vira nos 30, dia após dia?! – então relaxa. Viver é enfrentar dificuldades, é ralar na boquinha da garrafa, é ficar louco. Isso é a vida aí no Brasil e em qualquer lugar do mundo.
Criar raiz ou voar?
É uma pergunta com várias respostas e só uma pessoa pode respondê-la: VOCÊ. Depende do que você quer, depende do seu instinto, da sua maneira de encarar a vida. O mundo pode ser do tamanho do seu quarto, ou poderá se tornar um quartão sem paredes e janelas. Depende única e exclusivamente de você.
Eu optei por voar, por arrancar as raízes e me jogar. E você, vai criar raízes aí ou pretende ir lá pro outro lado ver o sol nascer de um outro ângulo, sentir o maior frio da sua vida, comer aquele negócio esquisito, andar de camelo, ver um canguru in natura, entrar na casa onde morou Paul McCartney, comer uma pizza na Itália, morar na cidade da Torre Eiffel ou comer um sushi diretamente da fonte?
livro “Morar Fora: sentimentos de quem decidiu partir”
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*Cláudio Abdo publica textos sobre a experiência de morar fora todas as semanas aqui no site Vagas pelo Mundo. Volte sempre!
4 Comentários
Muito obrigado Renato!!! Abraço!!
Gostei tanto que repostei em minha página no FB: http://www.facebook.com/oBrasilMeObrigaaIrEmbora/
Parabéns pelo texto!!
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