O resumo do resumo: nem todo mundo tem condições emocionais de bater asas e voar. Leia o texto Morar fora: onde os fracos não têm vez de Cláudio Abdo.
É muito bonito, e até fácil, olhar a vida de alguém que resolveu morar fora e concluir: “esse tá bem” ou “essa aí ia se dar bem de qualquer jeito, em qualquer lugar”. Não é bem assim que as coisas são, infelizmente. Quem mora ou já morou fora sabe que o glamour e a beleza estão reservados para poucos momentos e acontecimentos.
No geral, é ralação, é perrengue, é falta de grana, é instabilidade no trampo, é concorrência com gente de todo o mundo, é conviver com a ansiedade de ser um estrangeiro e não saber o que vai acontecer amanhã, é apertar o olho e se concentrar para entender o que nos dizem.
Morar fora: onde os fracos não têm vez – não somos melhores do que ninguém
Entenda que nós que optamos por morar fora não somos melhores do que ninguém, mas somos diferentes da maioria das pessoas. Parece que a gente consegue olhar a vida de cima, como num tabuleiro. Temos mais facilidade na resolução de problemas, somos desapegados ao que é material, não damos bola para o carro do ano, nossa vida cabe numa mala. Fomos forçados a aprender a aguentar a porrada, nosso coração criou uma espécie de capa protetora que nos permite viver longe de quem amamos e seguirmos em frente.
Falando até parece fácil, mas imagine que nós não temos um almoço de domingo feito pela nossa mãe há muito tempo e que, geralmente, sentam-se à mesa conosco pessoas que nunca havíamos visto antes e que nem sempre falam o nosso idioma. É aqui que entra o subtítulo desse texto: “nem todo mundo tem condições emocionais de bater asas e voar”.
Nem todo mundo aguenta
Tudo é diferente. TUDO. Desde o vizinho ucraniano que parece que só fala consoantes até comprar um simples pedaço de carne no mercado que não tem o mesmo nome que tinha no Brasil. O sabonete não tem o mesmo cheiro, a chuva tem outro peso, o frio é seco, o calor é diferente. Saímos do nosso ninho, lá de cima da colina, e mergulhamos no vazio.
Parece besteira, mas nem todo mundo está preparado para voar e viver longe do ninho, de sair de casa, de sair debaixo da asa dos que nos amam, de quem nos protege. É duro depender só de você, é difícil (re)aprender a lidar com os seus sentimentos. Não é fácil, mas é possível. Tanto que nós continuamos aqui.
Abrir mão da comodidade para realizar sonhos
Quando resolvemos que o que temos não serve mais, que aquele emprego não satisfaz e que queremos alçar voo, poucas coisas serão capazes de nos fazer desistir. Acredite se quiser, mas para realizar os nossos sonhos (e foi por isso que nós optamos por morar fora), nós precisamos abrir mão de toda a comodidade que tínhamos. Nós não temos o almoço em família, não temos uma festa de aniversário com os amigos de infância, o Natal é dolorido e machuca muito.
São pequenas coisas, aquele encontro na casa da sogra aos domingos, o salário garantido que o emprego ruim lhe dá, a facilidade de conhecer muita gente na sua cidade e, quem sabe, até sair sem carteira e comer fiado por aí. Quando optamos em deixar o nosso país, nos tornamos estranhos automaticamente, não falamos a mesma língua dos outros, somos, na melhor das hipóteses, apenas mais um estrangeiro tentando sobreviver e encontrar um lugarzinho ao sol.
Sobra lugar e falta sol
Sonhar, sonhar, sonhar e resolver realizar. Sim, não basta apenas ficar sonhando se nunca partirmos para realizar os nossos sonhos. Sonhar é bom (e importante), mas realizar é divino. Para nós que decidimos viver fora, encontrar um lugar é até fácil, difícil mesmo é encontrar o sol. É muita gente boa e você precisa ser melhor ainda, o seu inglês ainda é capenga e não ajuda, o seu francês parece o de uma criança, a grana curta enche a sua cabeça, a entrevista de emprego furada desanima, a vida demora para entrar nos eixos.
Para além disso, ainda temos na nossa retaguarda uma quantidade infinita de pessoas as quais não queremos desapontar. São os nossos pais e irmãos que deram a maior força para que nós viéssemos, são os amigos que lhe encheram de rótulos e lhe acham louco, são os conhecidos que teimam em dizer que o que você fez foi burrice.
Haja preparo
Como disse antes, nós que decidimos morar fora não somos melhores do que ninguém, mas somos totalmente diferentes da maioria das pessoas. Somos diferentes porque somos corajosos, porque partimos para realizar os nossos sonhos, porque não temos medo do novo, porque não ficamos esperando que tudo se ajeite sem nada fazer. Não somos acomodados, queremos mais.
Nós que dividimos apartamento com estranhos, que enfrentamos de frente uma língua diferente da nossa, que recebemos em outra moeda, que dirigimos o carro com volante na direita, que nos viramos até dentro de uma garrafa, somos diferentes. Somos diferentes e ponto final.
Porém, saiba que nós não somos de ferro, mas estamos num preparo diário forçado que começa ao abrir os olhos pela manhã e nunca termina. Tivemos que dar um jeito e aprendemos a lidar com a saudade, temos profundo respeito por ela, mas não deixamos que ela dite as regras das nossas vidas. Não nos entregamos. Lutamos de sol a sol para provar, para tudo e para todos, que somos capazes e que o sol ainda vai brilhar sobre a nossa cabeça.
Morar fora é para os fortes
Os fracos não tem vez no exterior. Se a saudade lhe pegar, já era. É muita pressão, são muitos medos, são angústias capazes de fazer qualquer cabelo cair, qualquer unha quebrar. Não temos tempo para lamentos, nós recebemos por hora e o aluguel é caro. Precisamos correr e sequer nos damos ao luxo de chorar. São choramingos que umidificam alguns momentos de fraqueza, mas que logo são deixados de lado. Trabalhamos muito e quando dá, nós aproveitamos, mas nem sempre dá.
O nosso mundo, muitas vezes, está resumido na tela do celular e no fone de ouvido que são parceiros de guerra. É ali onde lemos os textos que gostamos, onde mandamos um alô para quem amamos, onde ouvimos as músicas que nos emocionam, onde conseguimos mandar um áudio ou quem sabe ouvir um simples “parabéns” pelo Whatsapp no dia do nosso aniversário. É assim, no trem, na corrida para pegar o busão, na fila do rango, na hora do cigarrinho no intervalo do trabalho, ou na pausa das aulas.
Leia também: Morar fora é estar em outra dimensão.
Não tente encontrar explicação
A vida de um estrangeiro não é mole. É corrida, é puxada, é sofrida, é dura…mas compensa. Pare de perder tempo tentando compreender o que nos fez optar pelo desconforto, você jamais vai descobrir enquanto não ultrapassar a fronteira da sua cidade, do seu estado ou do seu país. É nosso, corre nas nossas veias.
Nós que moramos fora ou estamos pensando em morar, encontramos um alento, uma compensação no nosso coração, pelo simples fato de estarmos nos mexendo na tentativa de realizar os nossos sonhos longe de casa. Por termos saído da tranquilidade, do “garantido da vida” e do sossego de morar na casa dos nossos pais, já somos especiais.
No fim, acredito que nós esperamos que a nossa atitude tenha nos dado a oportunidade de conhecer um pouquinho mais do mundo, de fazer novos amigos, de derrubar fronteiras e idiomas, de ter expandido um pouquinho os nossos horizontes.
Morar fora: o gatilho do intercâmbio.
Não espere ficar pronto
Pode ser que, nem você que ainda está aí e nem nós que já estamos do lado de cá, nunca estejamos totalmente prontos para bater asas e voar alto. Como podemos saber?! Se jogando do ninho, pois nós nunca estamos 100% até que, por vontade própria ou através de um empurrão, sejamos forçados a voar.
Mas uma coisa é certa: só de cogitarmos a possibilidade de o fazer, de termos a coragem de partir em busca da realização dos nossos sonhos, já temos motivos suficientes para nos orgulhar e encontrar forças para continuar.
Nunca desista e faça de tudo para dar o gostinho da vitória para os que torcem por você, porque no final dessa loucura toda da vida, tudo terá valido a pena.
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*Cláudio Abdo é autor do livro “Morar Fora: sentimentos de quem decidiu partir” (disponível em ebook e livro físico – Brasil e Portugal).
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Por morar fora acham que sou rico.
36 Comentários
Sou servidor publico do Judiciário, aposentável, alguns anos atrás pensava em morar fora do Brasil, especificamente (Portugal), pretendia correr daqui, por causa da insegurança, tentar melhorar a vida dos meus filhos e netos. Não teria problema financeiro nenhum, fiz muitas pesquisas e com meu salário de aposentado viveria muito bem em Portugal, dentro dos padrões sociais compatível ou melhor do que vivo aqui. Parei, refletir, gosto dessa bagunça daqui, amigos, família, as coisas boas que acontecem, praia, churrasco no bar, em casa, no clube, na piscina, os babas, as resenhas, e acima de tudo estar perto das pessoas que amo, não as teria, estando fora. Admiro muito a quem teve a coragem de mudar e acredito muito que pessoas que fizeram a opção estão indo no intuito de melhorar de vida, pode ou não acontecer.
Desde cedo soube que para vencer tinha que estudar, na minha época sempre foi mais fácil, mas, como nunca gostei de trabalho pesado, estudei e entrei no serviço público, quero dizer que com isso conseguir minha estabilidade para nunca ter que precisar migrar para obter coisas melhores..
Não viveria sem amigos, familia e liberdade…
Abraços
Primeiramente muitos Parabéns Cláudio, pelos seus testemunhos, pois são muito refletivos e ótimos de ler, e também á equipa pelo blog, realmente bem bacana, tenho seguido de perto, sou a Andreia, Portuguesa e residente no brasil á 4, no Rio grande do sul!
Não podia deixar de comentar , pois realmente, em cada frase vi um pouquinho, daquilo que me tem tocado nestes 4 anos que estou vivendo no brasil!
Vim por uma escolha ciente, meu marido é brasileiro, este, estava morando em Portugal, e quis regressar ao brasil, pois a oportunidade de trabalho para ele, estava aqui no Brasil! OK, até ai tudo certo, costumo dizer que durante todo o preparo para virmos para o brasil, parecia que tudo estava a acontecer de forma natural e rápida, de uma forma que não estava a sentir nada, na hora que coloquei os meus pés no aeroporto, é que realmente vi e senti o que estava a acontecer, e dai, desabei!
Como tu mesmo falou”Você continua mais vivo do que nunca, mas vai morrer para muita gente e terá que aprender a assistir tudo de longe”, tal e qual, sempre que volto a Portugal de visita, é isso que sinto, os que são amigos, continuam sendo amigos os que eram colegas, nós morremos, porém para mim, todos continuam muito vivos”
Qualquer aeroporto para mim, desde sempre foi muito fascinante, porém, hoje em dia, o que mais me deixa cabisbaixa, é passar na frente do aeroporto, pois tenho sempre aquele sentimento de que deixei, minha família, amigos tudo, lá do outro lado atlântico, então, tornou martírio, parece loucura, mas é um misto de muita coisa!
Por mais que o brasil tivesse a mesma língua, por mais que já tivesse feito conhecidos no brasil, durante as minhas estadias de férias, estar de mala e cuia, foi muito diferente, não sabia se ria ou se chorava, não sabia nem o que falar, se por um lado meu marido estava voltando ás suas raízes, as minhas raízes não eram estas!
Aceitar e Aprender a Lidar, isso mesmo, tu aceita, aprende e tenta lidar com tudo, dói, dói muito, mas não mata, e a vida não pára, não pára para ninguém!
E não posso deixar de salientar alguns pontos do comentário lá no inicio do senhor ou senhora”Disq”, se depois de 5 anos, já adaptados e afins, se tiver de voltar, pois sua esposa ou esposo não de integraram devidamente , então, a vida é assim mesmo, provavelmente seu companheiro(a) não se esforçou, não se deu por inteiro, não se ajudaram! Acho o fim, no caso, quando tu larga tudo e todos, mesmo por uma escolha sua, e dai, chega num pais desconhecido, e seu companheiro(a) parece que não existe mais!
Morar fora, não é, nunca foi e nunca será para fracos, seja em qual circunstância for a mudança!
Abraço!
Muito bom texto. Eu queria aproveitar, com sua permissao, pra colocar umas observacoes para quem eh casado, ou pretende imigrar com a familia. Tenha em mente que o processo de adaptacao eh diferente para cada individuo.
Voce esta saindo de um ambiente onde sua experiencia de vida e das pessoas a sua volta foi moldada na realidade existente. Essas circunstancias, que levaram sua vida ao ponto em que ela esta, determinaram quem sao seus amigos, com quem voce se casou, onde estudou, etc. De um dia para o outro, todas essas referencias se evaporam. Esse sim, eh o “comecar de novo”. Entenda que diferentes pessoas passarao por diferentes experiencias, relacionamentos novos se formarao, compatibilidades serao testadas e re-testadas diariamente. Portanto eh muito importante destacar que essa adaptacao acontece em diferentes estagio, velocidade e intensidade para cada individuo. Sao duas palavras chave aqui: Paciencia e tolerancia. E por mais que se tenha, nunca vai ser suficiente. Eh quase uma covardia e nao eh aa toa que o numero de divorcios entre imigrantes eh alto. Por outro lado, se passado tudo isso voces ainda estiverem juntos, meu amigo, eu te garanto que nada nesse mundo vai separar voces.
Agora, so para fazer jus aa minha fama de ter uma otica rabugenta com relacao ao mundo e nao deixar essa nota terminar em um tom positivo, imagine um cenario onde depois de morar por cinco anos com sua esposa, voce se adaptou perfeitamente, tem um bom emprego, amigos, etc. ja esta fluente no idioma, e por ai vai. Do outro lado, sua esposa ou nao conseguiu um bom emprego, ou nao se adaptou bem ao idioma ou tudo junto e esta tendo muito mais dificuldades ate o ponto em que ela decide que nao aguenta mais e quer voltar…
Muito obrigado pelo comentário Laura e por nos contar um pouquinho da sua história de vida.
Fico muito feliz em saber que, de alguma forma, consegui expressar em palavras sentimentos tão complexos.
Mais uma vez, muito obrigado por comentar e ler o que escrevi.
Grande abraço!
Adorei o texto, Cláudio! Recém me mudei (há 2 meses) para Copenhague com meu namorado (também brasileiro) e já vejo acontecer muitas dessas coisas que você citou, desde os nossos sentimentos frente às dificuldades com a nova realidade, até as mil coisas que pensam os amigos e familiares que ficaram no Brasil (que aqui é “vida mansa, puro luxo”). Vira e mexe rola um vazio no peito que acho que só quem mora fora entende… mas aí entra a questão: “Ficar era uma opção?” Não. Era preciso alçar voo. E as consequências serão aprendizados a oportunidades de crescimento e autoconhecimento.
Obrigada por pôr em palavras isso tudo!
Abraço
Muito obrigado pelo seu comentário Teresa e por contar um pouquinho da sua vida. Morar fora exige coragem e só nós que aqui estamos sabemos (e sofremos) com isso!
Boa sorte aí, não desista! Muita saúde!
Grande abraço!
Gostei do texto, aos 53 anos vim de Lisboa para França , estou cá há ano e meio, nada fácil mas após desemprego tive que tentar, já tive vontade de regressar mas cá fiquei. Já fui vitima de harcelement mas procurei outro emprego e mudei de cidade, já me vou habituando mas gostaria de lembrar que ás vezes também é preciso de ter coragem ficar, ou seja não partir, pois alguém fica tentando levar uma família para a frente……….Obrigada!!
kkkkkkk bem por ai
Muito obrigado por nos contar um pouquinho da sua história Guilherme e comentar. Realmente a experiência é única!
Grande abraço!
Muito obrigado pelo comentário Kamila!
Grande abraço!
Texto incrível! Estou pulando do meu ninho e tenho certeza que terei todos os sentimentos descritos por você no texto.
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Ja faz 6 anos que moro na Inglaterra. Realmente nao eh para os fracos. Vale a pena para quem esta determinado. Em 9 meses, eu me formo Arquiteto em Londres. A experiencia eh unica.
Muito obrigado pelo seu comentário Ayane.
Muitas pessoas relacionam morar fora com grana, porém sabemos que vai muito além disso. Se fosse assim só os ricos morariam fora e não é verdade.
Mais uma vez, muito obrigado por comentar e contar um pouquinho da sua história.
Grande abraço, boa sorte e conte sempre conosco!
Muito obrigado pelo comentário Araken e por se dispor a comentar.
Grande abraço e conte sempre conosco!
Muito obrigado pelo comentário Eliza, ficamos muito felizes em recebê-lo.
Também ficamos muito contentes em saber que conseguimos, de alguma forma, escrever coisas e situações com pessoas que não se conhecem. É fantástico!
Boa sorte na sua caminhada e conte sempre conosco!
Grande abraço!
Parabens Claudio, texto sensacional! So quem ta do outro sabe.
“Sonhar e fazer planos, viver e ter coragem de Realiza-los.”
Não sou de comentar … Mas sou viciada em ler os comentários ..Mas desta vez fiquei refém e senti a necessidade de comentar. .. Nossa esse teu texto me reflete … é bem isso …uns me chamam de louca …de aventureira … de corajosa … e eu so digo que eu so tenho vontade de realizar um sonho antigo … e lá vem aquela perguntinha …Mas vai trabalhar de quê? E eu digo do que aparecer kkkķ .. Mas a sua colocação que a grama nasce em todo mundo e vou dar uma de jardineiro …foi ótima.
E sim o medo é teu companheiro… medo de deixar tudo pra trás ..do novo ..de sentir muita saudade. . Mas eu costumo dizer vivo enfrentando os meus medos …Não deixo de fazer as coisas por medo.
Vou para a Nova Zelândia e é bem isso viajar e conhecer novas culturas vicia. .Mas antes vou ter q ralar um pouco.. Obrigada pelo seu texto ..vai direto no ponto .Abraços
Desde os 15 anos sonho com meu intercâmbio. Hoje estou com 25 e há duas semanas nos EUA. Trabalhei, economizei, juntei e escolhi, dentre tantos, o intercâmbio mais barato. Paguei a segunda parte num cartão de crédito emprestado e vou enviar dinheiro com meu salário daqui pra pagar. Meus pais jamais teriam conseguido pagar pra mim (e por vontade própria, nunca me colocariam dentro de um avião para atravessar o Atlântico). Me sinto sim, muito privilegiada por ser, talvez a terceira pessoa da família que saiu do país. Me sinto abençoada por poder realizar um sonho. Deus me deu tudo que eu podia querer: uma família que me ama, saúde, coragem e muita força de vontade. O dinheiro ele falou que eu teria que batalhar muito pra ter. Aqui estou eu. Sentindo todas as emoções que esse texto mencionou, e vivendo experiências que o dinheiro não pode comprar.
Desculpe-me se não me expressei bem. Não me referi a privilégio apenas como condições financeiras mas principalmente como a chance de imigrar.
Há tantos conterrâneos que ralam possivelmente muito mais do que você e eu ralamos para chegar onde chegamos e que nunca terão a “chance” de sair do Brasil.
Nós, de certa forma, somos privilegiados.
Muito obrigado pelo comentário Koolbloke.
Preciso discordar um pouquinho de você, pois sair do país não passa necessariamente pelo “ter grana”. Conheço inúmeros brasileiros que deixaram o país com muito pouco ou quase nada de dinheiro, que ralou muito para conseguir realizar o sonho de viver em outro país e, quem sabe, ter uma vida mais digna e menos sofrida.
Entendo o que diz quando se refere ao “privilégio”, mas não são todos os que vivem fora que tiveram. Vivo em Portugal e conheço brasileiros que chegaram para viver aqui com a roupa do corpo em busca de oportunidade e vida digna. Morar fora não tem relação com dinheiro, tem relação com coragem e encontrar uma oportunidade.
Muito obrigado pelo comentário, daria para escrevermos uma tese sobre isso. Rsrs!
Grande abraço!
Muito obrigado pelo comentário Samantha. Tão bom saber que conseguimos, de alguma forma, lhe ajudar.
Sentir medo é natural, inerente ao que todas as mudanças nos trazem, porém não perca a esperança.
Tudo vai dar certo!
Boa sorte na sua caminhada e conte sempre conosco!
Grande abraço!
Muito obrigado pelo comentário Ana Beatriz.
Realmente o que tentamos foi traduzir em palavras sentimentos tão diversos. Esperamos ter lhe ajudado!
Grande abraço e boa sorte!
Muito obrigado pelo comentário Roberto e por nos contar um pouquinho da sua história.
Boa sorte por aí!
Grande abraço!
Muito obrigado pelo comentário Angélica!
Grande abraço!
Olá Marcelo, agradeço o seu comentário.
O texto não dividiu ninguém em pobre ou rico, com condições ou sem. Na verdade o texto mostra que as pessoas que decidiram morar fora são iguais as outras, porém nem tão iguais assim.
Vivo em Portugal e conheço muitos brasileiros que estão vivendo aqui e que são de origem pobre. Vieram para a Europa há mais de 20 anos, não tiveram a oportunidade de estudar e ainda continuam aqui ralando e sobrevivendo. Se a vida deles é fácil?! Claro que não, mas de quem é fácil?!
Respeito o seu comentário, porém o texto realmente não faz menção (e nem quer) em relação a condição social ou financeira das pessoas que resolveram sair do país. São sentimentos traduzidos em palavras de quem optou por deixar o país e arriscar uma vida nova.
Mais uma vez obrigado pelo comentário, grande abraço!
Muito obrigado pelo comentário Maurício!
Grande abraço!
Parabéns Claudio. O melhor texto que já li sobre imigração, e o que melhor traduz a dor de ser imigrante. Compartilharei numa comunidade.
Respeito a visão do autor do texto . Concordo parcialmente . Mas faço uma pergunta . E aqueles que nasceram na mais profunda miséria , passaram fome , sofreram com a negligência , a injustiça de seu próprio povo sem condições como à sua de competir em igualdade com pessoas de todo o mundo e ainda assim prosperaram ?
Essa é a realidade de milhares de brasileiros que venceram em seu próprio país apesar de todas as dificuldades .
Ninguém é diferente por tentar vencer dentro ou fora do país . Pessoas diferentes no aspecto positivo não são individualistas . Elas não só vencem , mas lutam pelo outro muitas das vezes abrindo mão de desejos próprios , isso é altruísmo.
A atitude mais nobre do ser humano e é o que realmente diferencia a espécie humana.
Morar fora e lutar para se integrar e se encaixar num mundo novo e depois de anos voltar para casa (como visita) e se sentir um estranho no proprio pais.
Excelente texto !!! Moro nos EU ha 11 anos. Nao vim para cah para tentar nada. Jurei que faria o que fosse necessario e nao voltava mais para o Brasil. Os primeiros 8 anos foram SEM GREEN CARD. Comi o pao que o diabo amassou. Agora esta tudo bem e comeco a aproveitar o que esse pais tem para oferecer a aqueles que querem ralar, e ralar muito mesmo. Perdi muito tempo e energia batalhando a desmedida ignorancia e arrogancia de muitos americanos (nem todos sao assim). Agora foco soh nos meus objectivos. Boa sorte a todos. Roberto
Texto maravilhoso! É ótimo ler relatos mostrando o lado não tão bom do intercâmbio! Pois irmaginamos sempre que vai ser tudo mil maravilhas e não é bem assim! Obrigada pelas suas palavras, me fizeram refletir muito! Abs.,
Você simplesmente conseguiu traduzir tudo o que estou sentindo. Vou me mudar, e espero que pra sempre, pra Europa. E tem gente que diz que não vou conseguir, que não estou pronta, e apesar de meus familiares me apoiarem, esses comentários acabam desestabilizando. Ler seu texto só me encheu de coragem e me fez lembrar do pq quero ir. Muito obrigada!!
De certeza imigrar não é para todos porque tem os seus desafios emocionais: estar longe do seu país, dos amigos, da famïlia e experiementando uma cultura e língua que não são as suas.
Mas não devemos nos esquecer que imigrar é antes de tudo … um privilégio e não apenas uma opção.
Sim, pois nós privilegiados tivemos grana para entrar num avião e desembacar no país que escolhemos, muitos de maneira legal.
Quantos milhões de potenciais imigrantes, até mais qualificados ou com mais resitência emocional, brasileiros ou de outras nacionalidade, nunca terão essa “oportunidade” por não terem tido o privilégio de nascer dentro de um meio social que os permitiu evoluir dentro de suas carreiras nos seus países de origem ?
Daí antes de se falar de imigração e fraqueza, falemos de privilégio, que é algo que nós, que estamos fora, certamente tivemos.
Muito obrigado Bernardo pelo comentário. Ficamos muito felizes em saber que conseguimos, de alguma forma, colocar em palavras sentimentos tão diversos.
Saiba que esse frio na barriga é natural, faz parte do jogo. Vá, tente, invista no seu sonho e acredite que tudo vai dar certo.
Mais uma vez muito obrigado por comentar!
Grande abraço!
Cláudio, raramente comento em textos de blogs, mas merece! Estou indo para o Canadá ficar por lá no mínimo 3 anos e a cada frase lida me deu um frio na barriga. É esse frio que faz ter certeza que estou fazendo o certo!! Abraços!